Sunday, October 22, 2006

Grande Porto

Nunca fui de promessas. Passei a ser quando ser sincera não adiantava mais. Não olhava para o rosto das pessoas; não para depois saber enumerar cada defeito, e sim para saber quem era quem. Era superficial em muitos sentidos, menos quando se tratava de mim. Conhecia-me, entretia-me, aventurava-me, bastava-me. Egoísta não, introspectiva. Pés não se incomodavam com a pedra quente, braços cansavam rápido contra a correnteza, cabelos pesavam - nunca gostara deles -, coração não parava.
Ainda não conhecia bem os livros, desconsiderando os da escola, mas já perguntava-me o porquê de quase tudo que me cercava. A goiabeira, a cerca onde acabava o nosso quintal, a parabólica enferrujada, as palmeiras da entrada da casa, as bicicletas quase grandes demais, os parentes de visitas freqüentes, o balneário, a piscina gigante (de plástico), a garagem recém-construída. Preferia o pão da padaria mais distante, o lanche do bar Tabajara, acampar com crianças mais medrosas, fazer guerra de carrapichos, chegar na escola ao simplesmente atravessar a rua.
Foi-se.

1 comment:

Anonymous said...

sweet utopia...