Monday, October 15, 2007

Diante de uma tragédia a primeiridade vai para o espaço, se perde, voa longe.

Wednesday, August 29, 2007

Se ela soubesse que assim que abri os olhos hoje de manhã, descobri que o tamanho do meu amor é como uma picada de agulha, mas que sua intensidade é a causa de minha sandice...

Friday, August 17, 2007

Ela não sabia da tensão nos meus lábios quando lhe ouvia dizer "Eu te amo". Era como se tentasse guardar o momento para sempre entre as partes tensionadas, como o terno segredo que muda o semblante do ouvinte e sua vida nunca mais é a mesma. No entanto, ele já escapulira porque paixão e momentos são amigos do tempo. Receio que ela não me ame mais no instante seguinte. Abro os olhos e ela ainda joga os cabelos como antes, sorri perto da minha boca, minhas mãos ainda lhe afagam e o coração...
Dizer a frase de amor não basta, eu quero chorar de emoção acumulada e tola. Não consigo, não há como. Continuo de olhos abertos e estamos aqui.

Tuesday, May 22, 2007

Quando lhe beijei selei um pacto de paciência e compreensão, aventura e tentação, insegurança e conformismo. É que nada podia nem deveria fazer com o seu passado e pouco sabia do que me serviria o futuro. Os sonhos não me revelariam o suficiente para abandonar a ansiedade e fechar os olhos sem hesitação. Você me atraía para uma intimidade compartilhada, porém tímida, necessária, mas complexa em seus primeiros passos. Assim guardei teu cheiro em mim, para mim, pelo momento. Continuamos a falar dos outros tão naturalmente por causa do que éramos antes e do que almejamos preservar. Também falamos nele, porque não há ser que escape da idéia. O que me atormenta não é saber que ele existe e sim o entendimento muito claro que possuo dessa realidade amarga.

Tuesday, April 24, 2007

Ainda me recordo de quando entrava em sua casa querendo não lhe atrapalhar. Você nunca estava à vista. Arrumando algo, de forma que eu apenas ouvia os ruídos, fingia não dar conta da minha presença, como se há uma hora já não soubesse que iria chegar. Sua expressão de surpresa e sorriso tímido de quem não queria estar desocupando armários às 15:00 de quarta-feira lembravam-me que você merecia um chocolate de maracujá. Mandava-me sair já do cômodo, oferecia-me uma cadeira plástica - porque era o que eu merecia - e olhava a bagunça cotidiana da mesa. Então, às vezes o telefone tocava e ninguém queria atender. O toque impertinente, repetitivo, chamando alguém; você levantava maçante, lazy-lazy, tirava-o do gancho e nada pronunciava para ele enquanto não terminasse a frase que começara 10 segundos antes.

Tuesday, March 13, 2007

Depoimentando

"Beijei uma garota. Me apaixonei, transei, senti saudades. Passamos os fins de semana sem sair da cama, sentindo aquele gosto de amor inesperado e jovem, exalando cheiro de meninice, dando risada do que não tinha a mínima graça. Tomamos banho quase juntas - eu tinha vergonha - e ela pedia pizza de atum. Ligava pedindo colo, fazia dengo 1:30h da madrugada. Íamos a festa íntimas, de conhaque a caipiroska improvisada. Quando me cansava de todos, sentava para observá-la; aí ela se fazia mais bonita, assim de propósito mesmo, e eu me apaixonava de novo. Não de novo porque o de antes tinha acabado, e sim paixão somada a paixão, sempre mais.
Ela morava com o pai por capricho, pq trabalhava e podia se manter mt bem. Eu não aceitei uma cópia da chave de seu apartamento, claro que não. Então ela também não aceitou uma chave do meu e ficamos assim à mercê das campainhas. E gostava de viajar aquela garota! Quase sempre a trabalho, ligando de 2 em 2 dias. Sei que lembrava de mim constantemente. Certa vez foi a um programa famoso, foi entrevistada sem querer e não temeu falar do nosso romance. Me apaixonei de novo depois dessa e certifiquei que,definitivamente, seria foda me separar dela. Não que eu quisesse, mas aconteceria um dia...
Se dedicava muito ao trabalho. Com o notebook pra lá e pra cá criava coisas formidáveis. Tinha talento pra Publicidade, ainda que eu nunca tenha sido muito chegada a esses estudantes lá na faculdade. Era quase três anos mais velha e tinha riso de adolescente, bumbum também. Os amigos perguntavam oq ela queria com esse namoro e ela respondia: "Ser feliz". Eu reconhecia aos poucos que era exatamente isto que eu era qnd perto dela, apesar de seus esquecimentos (principalmente do seu supermercado do mês), das brigas por causa da abstinência sexual repentina, da implicância com meu jeito introspectivo das 6:00h às 7:03h da manhã.
Lembro de quando, num fim de semana anacrônico dentro do meu quarto sem cama, ela disse que queria um filho meu. O que podia dizer para uma mulher no auge da paixão, da juventude, plenamente amante e amada, que desejava um pouquinho mais? Pôde escolher entre homens e mulheres, porém enquanto mulher plena que era, jamais poderia fugir do instinto maior que é a maternidade. E oq eu diria a quem eu amava e daria todos os filhos que quisesse, se fosse possível? Não foi preciso responder, pois ela leu em meus olhos de 17 anos que não havia oq dizer.
Nunca entendi como certas pessoas, entre elas minha mãe, enxergavam aquele universo como uma aberração. Aquela criatura que descansava lívida, linda, vagando entre sonhos secretos, que se espalhava no meu leito de forma apetitosa e cálida, jamais poderia ser uma aberração.
Ela queria saber oq eu estava lendo, oq estava estudando, oq queria pro almoço do dia seguinte, oq é q curaria minha dor de consciência, oq é q eu sonhava em noites chuvosas. Gostava de dormir nos meus braços, de preferência com a mão em um de meus seios. Pode?! Claro q pode, podia...
De mim, tinha oq quisesse...e ela me queria.
Eu disse q um dia aconteceria de acabar, lembram? Pois acabou. Dava certo demais, era amor demais. Às vezes dava mt errado e isso era dar certo; me puxava, me tirava sarro, me degustava, me desprezava pra depois me querer mt mais. Isso me consumia, é verdade, e eu começava a querer dar um um rumo pra vida quando ela batia na porta e dizia q me amava. Era um rumo e tanto! Mas não enxergava futuro pra mim; não atrapalhava, mas não garantia nada. O problema era tudo se encaixar e eu mergulhar de cabeça. Terminamos.
Não houveram coisas a serem tiradas da casa da outra; só as lembranças e a dúvida de ter feito a coisa certa, mas recusaram-se a sair e é com elas que almoço agora. Hoje sei que ela não fuma mais, nem quer comprar o dvd de 'As Horas' , justamente na época em q sobra nas lojas. Não rói mais as unhas, esquece as lentes de contato onde não deveria, voltou a desligar a TV antes de dormir. Semana passada, um respeitável e despeitado amigos seu, veio dizer que se namorar uma garota de 17 anos pareceu uma merda, separar-se dela foi merda maior ainda.
Não mais nos encontramos ao acaso. Pra ser mais exata nunca mais desde o último dia.
Hoje chegou de Porto Alegre (viajou com o pai) e ligou-me dizendo:
- Olá. O Orly me pediu pra avisar da festa na casa dele hoje às 21:00. Ele não sabe que não estamos mais juntas, mas não custaria fazer esse favor. É isso.
Repetir o recado da secretária eletrônica várias vezes parece coisa de moçinha apaixonada de filme, mas eu fiz. Lembrei de quando nos conhecemos e reparei como esses momentos estão sendo parecidos, começo e fim de namoro. Não de amor, de namoro.
Ela tinha certa aversão a nos imaginar como um casal lésbico de simpáticas velhinhas e eu consolava-a dizendo que iríamos morrer antes disso. Mas não morreremos hoje, porque nos apaixonaremos pela milésima vez e dessa não teremos medo."

Thursday, March 01, 2007

Lee?

Heinrich caminhava nervoso pelo apartamento. Revirava a mesa, os armários, por entre os livros, buscava as chaves. Reluzentes, preciosas. E Lee sabia onde estavam? Não, e nem queria. Limitava-se a serrar as unhas, sentada numa das cadeiras frágeis que ele comprara no mês passado. Fingia não ver, não ouvir as reclamações desesperadas, não sentir o cheiro de suor e perfume masculino dos mais caros que ele começava a exalar. Este cheiro que lhe trazia protetor solar e correria à mente. O som dos passos, da borracha do tênis em atrito com o azulejo branco e não varrido, é que a traziam de volta para a sala calorenta.
Heinrich sempre detestara aquele descaso constante de Lee. Ela parecia nunca estar aqui, nunca se importar com nada, nunca ouvir ninguém. Onde diabos ele deixara as chaves?! Podiam estar em qualquer lugar, que nem a consciência da garota sentada em uma de suas cadeiras novas, a qual sujava o chão com o pó que fazia de suas próprias unhas. Ele tinha tanto nojo daquilo; lembrava-lhe a imundície de Gorki nos quartos dos hotéis que dividiram durante a viagem pela parte feia do país. A saída de ventilação! Será que caíram lá?
Depois de debruçar-se na janela da cozinha, o rapaz foi atender a porta mais suado ainda. Lee queria um ar-condicionado. Heinrich não imaginava que era o zelador trazendo suas chaves. Lee lembrou-se que ter um caso com o zelador não era tão vantagem assim; ele também vivia em um forno mal-arrumado. O jovem zelador explicara a Heinrich que as chaves estavam caídas no terraço, mas ele, Heinrich, nunca foi ao terraço.

Thursday, February 15, 2007

Farias

A sua tolice é falha
Minha falha é triste
Nossa tristeza é um brinquedo de enganar
Equívocos são convenientes
O que convém é tendencioso
Sua tendência é mentir
A mentira pode servir à plena lealdade
Ser leal quando alguém precisar
Aquela necessidade é tua
E tu és minha.