Saturday, August 12, 2006

Pródigo assim

Certa vez perguntaram-se se ela tinha um lado bom. Questão, no mínimo, impregnante; ao menos para quem tinha teima congênita. Nas viagens de casa para lá, de lá pra cá, de cá para onde quer que levassem, repousava o livro no colo e partia numa divagação silenciosa a respeito disto. Remontava peça por peça alguns fatos, tentando não deixar escapar nada que parecesse relevante, mas até o relevante era por demais relativo. Não era bem o caminho. Voltava a ler.
Um dia, um bem normal - na real, peculiar para ela -, os raios solares matutinos mais intensos que ela já havia visto desde o dia em que caíra naquele poço mofento do sítio, invadiram o leito e pareceram dar-lhe a resposta então. Não estava prestes a morrer, porém num segundo tudo passou diante dos olhos (pareciam mais ter transcendido uma barreira insólita do tempo) e constatou: era uma filha da puta, no sentido não literal, mas prático do que lhe convinha.
Uma filha da puta de braços abertos para o mundo. E sorriu.

2 comments:

Anonymous said...

espero que ela continue sorrindo e que nao ligue para os que perguntam se ela tem um lado bom

:*** i like her too much

Anonymous said...

lado bom???
pra que serve um lado bom???
foda-se se ela não tem um!! eu tb nao quero mais ter (se que eu tenho/tive)!!!

SOU UMA FILHA DA PUTA!